O menino e o Rio
O corpo do rio prateia
quando a lua se abre
Passarinhos do mato gostam
de mim e de goiaba
Uma rã me benzeu
com as mãos na água
Com os fios de orvalho
aranhas tecem a madrugada
Era o menino e os bichinhos
Era o menino e o sol
O menino e o rio
Era o menino e as árvores
Cresci brincando no chão
entre formigas
Meu quintal é maior
do que o mundo
Por dentro da nossa casa
passava um rio inventado
Tudo que não invento
é falso
Era o menino e os bichinhos
Era o menino e o sol
O menino e o rio
Era o menino e as árvores
(em Poesia Completa, 2010)
“Tudo que não invento é falso”. Com esse paradoxo, Manoel de Barros inicia este livro que são fragmentos de lembranças livres em um tempo aparentemente invisível. Cada trecho é diagramado em páginas soltas e podem ser lidos em qualquer ordem, sem nenhum tipo de linearidade. Afinal, a imaginação do autor não possui regras determinadas.
Conforme se passeia pelas páginas, percebe-se o tom poético de Manoel. O autor se preocupa com cada palavra, esculpindo um texto que tem como preocupação primordial a busca pela beleza.
Mais que prosa, poesia, música ou qualquer outro rótulo que se possa aplicar ao trabalho de Manoel de Barros, está neste livro a linguagem perfeita, mesmo que não tenha sido esta sua intenção. No livro: “quisera uma linguagem que obedecesse a desordem das falas infantis do que as ordens gramaticais [...] desfazer o normal há de ser uma normal”.
espetacular , apaixonante
ResponderExcluirenvolvente
ResponderExcluirDigite todo o livro blz mlk
ResponderExcluirEnvolvente encantador
ResponderExcluirEncantador!!! Por mais Manoel de Barros nesse universo!
ResponderExcluirE que interpretação linda! Adorei!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
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