domingo, 14 de agosto de 2016

Análise: Um Bem-te-Vi



O leve e macio
raio de sol
se opõe no rio
faz arrebol

Da árvore evola
amarelo do alto
bem-te-vi cartola
e, de um salto

pousa envergonhado
no bebedouro
a banhar seu louro

pelo enramado
De arrepio, na cerca
Já se abriu, e seca
(em Compêndio para uso dos pássaros, 1999)
Nesse poema, intitulado Um Bem-te-vi, Barros novamente usa elementos da natureza em sua poesia, dessa vez pintando um quadro, ou descrevendo uma fotografia. Com uma série de eventos, que descrevem imagens simples e precisas da natureza, ele compõe um retrato de sua terra através de palavras. Os primeiros versos são, dessa forma, descritivos, e o autor usa dois sentidos: Tato (O leve e macio/raio de sol) e visão (se põe no rio./faz arrebol) para descrever o pôr-do-sol.
Na segunda estrofe, inicia-se a descrição do bem-te-vi, que surge em voo do alto da árvore. O fim abrupto da segunda estrofe mostra uma pausa, em que o eu-lírico quer enfatizar o que vai acontecer em seguida: o banho do bem-te-vi na terceira estrofe, (no bebedouro/a banhar seu louro) e seu processo de secagem na quarta estrofe (De arrepio, na cerca/Já se abriu, e seca). Todos esses acontecimentos são descritos como um take fotográfico, de modo a tentar colocar através da palavra uma imagem corriqueira na vida no campo.
O cantor Márcio de Camillo, responsável pela proposta de musicar as suas poesias que resultou projeto Crianceiras, com ilustrações feitas por Marta Barros, musicou esse poema. Confira no vídeo abaixo o lindo resultado!

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